EDITORIAL VOL3
Darío Galante (Buenos Aires, Argentina)
O terceiro número de Pharmakon Digital é dedicado às Psicoses. Partimos da conferência que Jésus Santiago nos ofereceu, “Droga, ruptura fálica e psicose ordinária”, na qual sustenta que a droga pode ser um Nome-do-pai na relação que o sujeito tem com seu corpo.
APRESENTAÇÃO
A Revista PHARMAKON DIGITAL é uma publicação bilíngue, em português e espanhol, da Rede de Toxicomania e Alcoolismo (TyA) do Campo Freudiano. Publicamos artigos originais de Psicanálise aplicada ao tema das toxicomanias e alcoolismo, relacionados à obra de Freud, ao ensino de Lacan e seus desdobramentos.
Equipe Editorial:
Diretora: Elisa Alvarenga
Editora em português: Maria Wilma S. de Faria
Equipe editorial: Cassandra Dias, Claudia Maria Generoso, Leonardo Scofield, Luiz Francisco Espindola Camargo, Márcia Mezêncio, Maria Célia Kato, Oscar Reymundo, Pablo Sauce.
Editor em espanhol: Darío Galante
Equipe editorial: Raquel Vargas, Pablo Olivero, Maximiliano Zenarola, Claudio Spivak, Marcos Fina, Miriam Pais e Estefanía Elizalde.
Consultores:
Judith Miller
Ernesto Sinatra
Fabián Naparstek
Antonio Beneti
Jésus Santiago
Criação, desenvolvimento e editoração:
Bruno Senna
Rede de Toxicomania e Alcoolismo (TyA) do Campo Freudiano
Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais
Rua Felipe dos Santos, 588, Lourdes.
Belo Horizonte, MG. 30180-160
Editorial
Darío Galante (Buenos Aires, Argentina)
O terceiro número de Pharmakon Digital é dedicado às Psicoses. Partimos da conferência que Jésus Santiago nos ofereceu, “Droga, ruptura fálica e psicose ordinária”, na qual sustenta que a droga pode ser um Nome-do-pai na relação que o sujeito tem com seu corpo.
Na Seção Entrevistas Fabián Naparstek destaca que a droga pode cumprir uma função de amarração ao redor de um delírio, ou que pode funcionar como um remédio que o sujeito toma para aplacar a invasão de gozo.
Na Seção Clássicos encontramos “Três observações sobre a toxicomania”. Este trabalho de Éric Laurent é um dos textos que marcaram o começo de nossas investigações sobre a toxicomania. Interessa-nos publicá-lo especialmente neste número porque ali se estabelece...
Conferência
Droga, ruptura fálica e psicose ordinária
Jésus Santiago (Belo Horizonte, Brasil)
A toxicomania, na atualidade, dissemina-se, prolifera e transforma-se em adição. Ao assumir a roupagem da drogadição, por via de consequência, torna-se, emblemática do que vem a ser o sintoma em nossa época. O fenômeno toxicomaníaco típico do século passado, em que se destacava a dependência de certa substância, massifica-se, cada vez mais, à medida que seus objetos se multiplicam. Se, antes, a dependência definia-se pela ação de determinada substância, nas chamadas novas adições, tal substância não se faz necessariamente presente. Objetos de consumo, amor, pornografia, videogames, fast-food e outros são suscetíveis de dar lugar a condutas aditivas diversas. Os significantes “adicto”, “drogadição” e “fissura” impõem-se no discurso corrente, indicando que não se trata mais de dependência de uma droga ilegal, mas da força da banalização das adições. Acredita-se, assim, que todo objeto pode se tornar adicto, visto que solicita a pulsão, tendo o poder de induzir à repetição de um ato que vai modificar a relação do sujeito com os prazeres do corpo.
Entrevista
Entrevista com Fabián Naparstek
Marccos Fina: A idéia é fazer-lhe algumas preguntas sobre a articulação, se é que se pode dizer assim, entre toxicomania e psicose. Como disparador do tema, peço a você para dizer algo sobre a “tese de ruptura” ou “formação de ruptura” citada por Éric Laurent, referente à famosa frase de Lacan “A droga permite romper o matrimônio com o falo” (LACAN, 2016, p. 21).
Fabián Naparstek: A primeira questão é o binômio “toxicomania-psicose”, e vale a pena dizer que é isto que todo o mundo reconhece. Eu creio que se trata de um trabalho, de uma elaboração coletiva, a de colocar que a toxicomania pode ter um lugar na neurose, na psicose ou na perversão. Hoje isto é o ABC, e muitos psicanalistas – tanto de Orientação Lacaniana, embora não sejam do Campo Freudiano, como freudianos ou lacanianos da nebulosa, etc.– o dão por certo, porém para isto faltou fazer um trabalho e vale a pena enfatizá-lo, pois não era óbvio. Trabalho que fez o TyA desde o começo. A segunda questão é que houve uma época dentro do Campo Freudiano
Clássicos
Três Observações sobre a Toxicomania*
Éric Laurent (Paris, França)
Quando falamos de toxicomania, transportamos com este termo uma clínica de outra época, aquela das monomanias de Esquirol. No entanto, não devemos esquecer que nos situamos hoje num contexto inteiramente novo, de algum modo próximo, como nos lembra Demoulin, daquele que Freud viu surgir sob seus olhos, mas numa escala diferente.
Estamos num contexto onde uma das potências mais eficazes e a mais empírica do mundo, os Estados Unidos, declarou uma guerra total à droga, e onde um pequeno país, a Colômbia, se encontra praticamente nas mãos de um certo número de traficantes. O que quase aconteceu na Europa, na Sicília, mais precisamente, não tão longe de nós - ou seja, que um estado esteja sujeito a um bando de malfeitores - está em vias de acontecer na Colômbia, que sozinha, exporta o mesmo, em valor, que toda a América Latina menos o Brasil, unicamente exportando seu tóxico.
Textos Temáticos
A marca da ausência
Ernesto Sinatra (Buenos Aires, Argentina)
É bastante evidente para todos, ou ao menos deveria sê-lo, que as drogas condensam um objeto paradigmático no estado atual da civilização: o mercado as produz como resposta à crescente insatisfação dos indivíduos com...
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Toxicomanias e Psicoses
Antônio Beneti (Belo Horizonte, Brasil)
No cotidiano da clínica psicanalítica contemporânea cada vez mais recebemos psicóticos ordinários e jovens usuários de drogas. Na verdade, eles andam de “mãos dadas”...
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O ordinário: no campo da psicose e no campo da toxicomania
Liliana Aguillar (Córdoba, Argentina)
O campo de investigação aberto pelo que Jacques Alain Miller denominou “a psicose ordinária” tem nos levado a sustentar uma série de generalizações: a generalização...
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Laço social e adições
Pierre Sidon (Paris, França)
Se a adição é o excesso sem saciedade, a “bulimia quantitativa” (Gauchet, 2008), essa ausência de saciedade pode ser abordada por duas vias: aquela do excesso de oferta que engana o desejo pelo restyling do objeto ao infinito – sociedade de consumo -, e aquela do defeito no circuito que caracteriza a pulsão na psicose...
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Romper o efeito de afeto
Jean-Marc Josson (Bruxelas, Bélgica)
A definição inédita que Lacan dá sobre o afeto em seu último ensino nos convida a reconsiderar, no campo nomeado hoje das adições, a função que pode ter para um falasser o consumo de droga ou álcool, especialmente na psicose.
Uma função particular do consumo...
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A orfandade toxicômana
Irene Domínguez (Barcelona, España)
Robert de Niro, através de um sonho induzido pelo ópio, protagoniza em Era uma vez na América, esta fabulosa história que emula o surgimento de um mito. Assim, ao longo de quase quatro horas, o filme de Sergio Leone exib...
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Um uso regulado do tóxico
Epaminondas Theodoridis (Atenas, Grécia)
A relação da toxicomania e da psicose é um antigo debate clínico e não o abordarei aqui. É verdade que, em casos graves, o uso de substância tóxica pelo seu efeito devastador apaga as coordenadas subjetivas, mas eu suponho que o modo de uso...
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Para uma clínica da «elisão do falo»
Cesar Skaf (Curitiba, Brasil)
odas as formulações mais recentes na Orientação lacaniana em torno de uma compreensão da prática metódica com a droga realizada pelo verdadeiro toxicômano passam, para poder tratá-lo, por preliminarmente entender que há aí consequências clínicas...
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Toxicomanias aplicadas às psicoses
Leonardo Scofield (Florianópolis, Brasil)
Constatamos, em nossas práticas profissionais, grande incidência de toxicômanos cuja estrutura clínica desvela-se psicótica. Algumas abordagens tendem a fazer esta leitura como uma comorbidade e propõem como tratamento a abstinência da droga. A psicanálise lacaniana...
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Intoxicações no contexto do desencadeamento da psicose
Viviane Tinoco Martins (Rio de Janeiro, Brasil)
Tomando como ponto de partida a obra freudiana, temos como objetivo articular as intoxicações às manifestações clínicas da estrutura psicótica. Freud, ao abordar as técnicas para evitar o sofrimento psíquico e o mal-estar...
Leia Mais
Adolescência
Bons colegas, para rapazes bonitos
Nadine Page (Bruxelas, Bélgica)
O uso de produtos psicotrópicos é sem dúvida alguma um dos “marcadores” privilegiados do modo como se manifesta o discurso de uma sociedade. O aparecimento da toxicomania, no fim do século XIX, corresponde ao momento preciso onde se cruzam as emergências do discurso da ciência e do capitalismo. Concretamente, a descoberta da seringa coincidiu com a da morfina; essa conjunção além de permitir a anestesia na medicina, causou uma epidemia da morfinomania no final da guerra franco-alemã de 1870. (BACHMANN e COPPEL,1989, p.101).
Estéticas do Consumo
Usos do corpo nas toxicomanias
Eugenia Flórez (Medellín, Colombia)
Usos do corpo nas toxicomanias na época do parlêtre (Flórez, 2016) é um texto que, depois de um percurso epistêmico, tenta sustentar uma tese a respeito do uso singular que o parlêtre faz do corpo. Essa tese se localiza no ultimo ensino de Lacan com a noção de consistência mínima. O texto, por sua vez, procura lançar luz sobre a abordagem da mesma, sob a perspectiva da psicanálise de orientação lacaniana.
Syd Barrett: brilhe diamante louco
Luis Darío Salamone (Buenos Aires, Argentina)
Syd Barrett foi o nome artístico que forjou Roger Keith Barred, cantor, guitarrista, compositor e um dos precursores do rock psicodélico. Deu nome e existência a uma das grandes bandas da história do rock. Ele propôs chama-la Pink Floyd Sound em homenagem a dois músicos de blues que não são muito conhecidos: Pink Anderson e Floyd Council.
Foi uma estrela fugaz no firmamento do rock, inclusive em sua própria invenção: participou só três anos do Pink Floyd. Porém seu rastro jamais deixou de estar presente na banda...
A inquietante familiaridade das drogas: resenha do III Colóquio Americano da Rede TyA
Cláudia Maria Generoso (Belo Horizonte, Brasil), Claudio Spivak (Buenos Aires, Argentina), Marcelo Quintão e Silva (Belo Horizonte, Brasil)
O III Colóquio Americano da rede TyA ocorreu em 13 de setembro de 2017, na cidade de Buenos Aires, Argentina, como um dos eventos satélites do VIII ENAPOL, debatendo o tema “A inquietante familiaridade das drogas”.
A organização do Colóquio tomou como eixo de difusão as vinculações entre a droga e a cultura, seguindo...
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